Diante do avanço de incêndios florestais no país, a técnica é muito utilizada para prevenir, controlar e proteger as florestas e as propriedades das combustões
O Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou dados preocupantes sobre o meio ambiente: em agosto de 2024, o Brasil contabilizou mais de 68 mil casos de queimadas, com 80% concentrados na Amazônia e no Cerrado, ficando atrás apenas dos mais de 90 mil focos registrados no mesmo período em 2010. Até agora, o total de focos de incêndio neste ano ultrapassa 112 mil, distribuídos em diversos estados, como Mato Grosso, Pará, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Como alternativa para reverter esse cenário, a engenheira agrônoma Marília Gregolin, diretora técnica do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), destaca um importante aliado: os aceiros. Aceiros são faixas de terreno onde a vegetação foi completamente removida, criando uma barreira contra a propagação do fogo, especialmente em terrenos suscetíveis a incêndios florestais. Essa técnica desempenha um papel importante na contenção de queimadas.
De acordo com a engenheira, a estratégia impacta positivamente em todo o nosso ecossistema.
“Os aceiros funcionam como linhas de defesa essenciais na prevenção e combate a incêndios florestais, criando barreiras que podem salvar vidas, proteger propriedades e preservar ecossistemas inteiros”, relata.
Ao remover uma vegetação, é criada uma barreira física onde o fogo tem menos combustível para se propagar, dificultando que as chamas atravessem a área e protegendo a agricultura e habitações. Reduzindo a quantidade de material inflamável, é possível também diminuir a intensidade das chamas, tornando-as mais fáceis de serem controladas ou extintas pelos bombeiros.
Para que o combate ao avanço do fogo com aceiros aconteça de forma correta, é necessário realizar a devida manutenção.
“Aceiros são ótimos para prevenir a passagem ou a propagação do fogo em determinada área, mas é muito importante, além de construí-los, ter atenção aos cuidados necessários, eliminando qualquer material combustível, seja palha que sobra de uma plantação ou depósito de resíduos, por exemplo”, alerta a diretora do Crea-SP.
“Vale destacar também que, em áreas de maiores riscos, é fundamental que sejam parte de um plano de prevenção abrangente, com diferentes ações preventivas, como compra de equipamentos específicos, políticas que combatam o desmatamento ilegal e o uso descontrolado do fogo, especialmente em práticas agrícolas”, completa.
Existem diferentes assuntos que são impulsionados durante os debates sobre aceiros, como a conscientização sobre a importância da prevenção de incêndios e do manejo sustentável, desastres ambientais, reforço do compromisso com a gestão adequada do solo, segurança pública e sustentabilidade das atividades agrícolas e de conservação.
“A preservação do nosso meio ambiente começa com o entendimento de que cada um de nós tem um papel vital na prevenção de desastres e queimadas. Ao criar e manter aceiros, estamos não apenas protegendo nossas florestas, mas também garantindo um futuro sustentável para as próximas gerações”, conclui Gregolin.
Sobre o Crea-SP
Criada há 90 anos, a autarquia federal é responsável pela fiscalização, controle, orientação e aprimoramento do exercício e das atividades dos profissionais das Engenharias, Agronomia, Geociências, Tecnologia e Design de Interiores. O Crea-SP está presente nos 645 municípios do Estado, conta com cerca de 370 mil profissionais registrados e 95 mil empresas registradas.